sexta-feira, 27 de julho de 2012

Acionariado Popular

Se perguntarmos pra maioria das pessoas qualquer coisa sobre a situação atual da Espanha, certamente falarão esses tópicos, não necessariamente nessa ordem; Real Madrid, Barcelona, Seleção do país e crise econômica. Para não fugir à regra, também falaremos disso, pois todos estes elementos estão interligados. Vamos lá.

Precisamos pontuar basicamente uma coisa. Os clubes na Europa são geridos como empresas, sendo "propriedade" de uma pessoa, empresa, ou um consórcio envolvendo grupos diversos, ao contrário do que vemos no Brasil, em que as agremiações esportivas são, pelo menos em tese, instituições sem fins lucrativos. De comum é que muitos dirigentes encaram os times como suas propriedades, ignorando os torcedores. Seja como for, financeiramente falando, um clube na Europa pode desaparecer por diversos fatores, como possuir uma dívida maior do que suas possibilidades de arcá-la. No Brasil isso não existe, nunca veremos um time acabar por dívidas. Aqueles que têm esse fim é por não terem mais condições de seguir competindo, por quê a dívida fica lá, praticamente imóvel. Até o principal interessado na arrecadação de impostos, o Estado, é conivente com isso (a Timemania está aí pra não deixar a gente mentir). No Velho Continente, acabamos de ver o Rangers, da Escócia, falir, e ter de disputar a 4ª Divisão do campeonato nacional. O perigo de deixar de existir é grande, sobretudo para os pequenos,

Agora, falemos da Espanha. É sabido que o país está passando por uma grande crise econômica (que não abordaremos suas razões aqui), e naturalmente, reflexos dessa crise são sentidos no futebol. Muitos realmente não entendem como a crise influencia no futebol, afinal, a Seleção Espanhola ganhou quase tudo que disputou, enquanto Real e Barça gastam aos tubos pra ver quem entre os dois vencerá o título nacional. Também é de conhecimento geral que muitos ignoram a existência dos outros clubes do país, podendo citar bem por cima Valencia e Sevilla, quando muito.

Podemos dizer que Barcelona e Real Madrid promovem a desigualdade social dentro dos gramados espanhóis, ao concentrarem 47% dos direitos televisivos do campeonato espanhol (os dois recebem valores que passam 130 milhões de euros). Pra se ter ideia da disparidade do modelo de distribuição espanhol, o nada pequeno Atlético de Madrid ficou com um valor equivalente a 30% da renda recebida pelo rival da cidade. Isso nos leva a entender um pouco melhor o por quê da mítica campanha do Levante foi tão comemorada, afinal, o time chegou à Liga Europa com investimentos de 300 mil euros.

Esse modelo de divisão, torna o elemento "imprevisibilidade", algo extremamente atrativo em um campeonato, cada vez mais difícil, o que empobrece a Liga em seu principal âmbito; o esportivo. Uma liga que não possui imprevisibilidade não é algo lá muito atrativo para se atrair investimentos. Acreditamos que isso não afeta muito Real Madrid e Barcelona, por serem times que possuem marcas de exposição mundial, e que vêm na Liga dos Campeões seu principal objetivo. Além das verbas da TV espanhola, contam com dinheiro vindo de fora, o que aumenta exponencialmente sua capacidade de arrecadação. Muitos podem usar da meritocracia, afinal, os dois gigantes não têm culpa se os outros clubes não se estruturaram. Mas como esses clubes podem se estruturar se o cenário não é favorável? Cotas de TV divididas de maneira injusta (justiça não seria dar o mesmo pra todos, pois igualizar as diferenças geraria outros problemas - o ideal é diminuir essa disparidade), falta de investimento de parceiros locais (afinal, a chance de retorno financeiro não é grande) são os principais entraves para todos os outros clubes, não só da 1ª Divisão, mas de todas as divisões de acesso.

Um modelo que está sendo usado pelos clubes medianos para poder almejar algo é contar com investimentos de fontes no mínimo questionáveis, tanto estrangeiros como nativos, sendo o Málaga o caso mais notório. De fato, esse modelo de administração garante um grande aporte financeiro a curto prazo, e se os planos dão certo, as conquistas também podem vir rapidamente. Entretanto, esse modelo traz um perigo em potencial; caso esse investidor não consiga seu tão esperado retorno, o que o fará continuar no clube?  Futebol não é algo que dê lucro de maneira imediata, isso quando dá lucro, e basta pensar em deixar de ganhar, que muitos desses investidores, que não possuem identificação alguma com a equipe, pulam fora, deixando os clubes a ver navios. E levando-se em consideração que a Liga Espanhola perca atratividade, os eventuais riscos de perca de dinheiro aumentam, assim como o medo de investidores. Como a estrutura dos clubes estava montada para se manter à base desse modelo, quando há alguma ruptura, ela se dá de maneira traumática, deixando marcas profundas. O que aconteceria se os investidores árabes saíssem do Málaga? A estrutura que foi montada não poderia ser aproveitada, basicamente pela falta de recursos para mantê-la. Se houver responsabilidade, o máximo que pode acontecer é o clube voltar pra uma situação semelhante à vista antes dos investimentos. Mas em todos os casos que esse tipo de parceria assume e deixa o clube por algum motivo, a responsabilidade administrativa foi algo que passou longe. O caso do Villarreal mostra um pouca a situação. O clube não conseguiu nem patrocínio pra estampar na camisa por uma parte razoável da temporada, teve de vender seus principais destaques, o que enfraqueceu muito o time, e o caixa acumulado não foi suficiente para repor as peças, e sofrendo com uma (grande) dose de azar, acabou rebaixado. A diretoria foi poupada pelos torcedores, pois tirou o clube das divisões inferiores do país e chegou a colocá-lo em uma semi-final de Liga dos Campeões, mas em um rebaixamento, não dá pra passar a mão na cabeça.

Não foram poucas as equipes que passaram por essa trajetória, de sair do nada, atingir o topo, em um primeiro momento passar por dificuldades esportivas, depois financeiras, ser rebaixada, e finalmente, ser abandonada pela diretoria, para aí, ter seu fim. Porém, o principal patrimônio de um time é sua torcida, que trabalhará o quanto for necessário para ver seu time em campo. E é justamente essa a principal premissa do acionariado popular; o torcedor gerir seu clube. Funciona assim; os torcedores se organizam e acumulam uma certa quantia, pagando mensalidades, tornando-se "sócios". Ser um sócio permite a participação em eleições, que decidirão os rumos do clube. Para evitar que haja uma elitização, com poucos decidindo por muitos, essas mensalidades são com preços acessíveis. Isso atrai atenção e simpatia dá comunidade em que está inserido, e o time logo será considerado uma parte dela, o que gera um sentimento de pertencimento dos moradores para com a equipe, afinal, não há um magnata por trás do clube, e sim um grupo de pessoas "normais".

Já abordamos aqui o Ciudad de Murcia e o Ceares, que adotaram esse modelo de administração e vão muito bem, obrigado. Recentemente, foi confirmado que o Deportivo Palencia também vai seguir essa tendência. Olhando para o cenário pouco animador das divisões superiores, podemos esperar que clubes de 2ª e até mesmo 1ª Divisão sejam controlados por torcedores. Foi confirmado que o Valladollid teria (ainda mais) problemas financeiros caso não alcançasse o acesso, e na temporada passada, o Rayo Vallecano surpreendeu mais por não ter falido no final do campeonato do que por escapar do rebaixamento (o que não foi pouca coisa). Ou seja, não é improvável que uma equipe das divisões principais siga um caminho ligeiramente diferente; não precisará chegar no fundo do poço para adotar a gestão comunitária. Recentemente, o Cádiz passou por uma grande crise política, e ainda que uma diretoria "convencional" tenha assumido o time, uma parcela significativa dos torcedores trabalha para assumir o clube.

Por enquanto, todos os times que atualmente estão sob controle comunitário militam nas divisões inferiores da Espanha, e enquanto o futebol espanhol continuar sendo movido por essa dinheirama toda, será difícil que elas cheguem ao topo, pois apesar desse modelo permitir o máximo de democracia, seu potencial de arrecadação não se compara a equipes que contam com o apoio da mídia ou de algum sheik ou magnata. Isso acaba causando um outro efeito, agora na mentalidade dos "diretores" do clube; invariavelmente, eles se posicionam contra o futebol negócio, o mesmo que quase matou suas equipes, e não fazem questão de estar entre eles. E a partir do momento em que contestam o "futebol moderno", passam a contestar toda ordem econômica e social vigente, afinal, o futebol é um dos reflexos das sociedades em que ele está inserido.

Seja como for, torcemos, e muito, para que esse modelo possa dar certo, e que o futebol vá para mão daqueles que o amam, não daqueles que amam o lucro que os negócios podem dar, e que estão avacalhando o esporte no mundo inteiro. Administrar um clube é uma grande responsabilidade política e administrativa, e dividi-la entre pessoas comuns, que não aspiram ser magnatas ou coisa do gênero, ao contrário, querem apenas ver seu time em campo, e se encontraram com os amigos de arquibancada de longos anos, ou aqueles amigos aleatórios de 90 minutos, que se vê em uma partida pra nunca mais, enfim, coletivizar responsabilidades e alegrias realmente parece ser o mais sensato...

sábado, 14 de julho de 2012

Segunda Divisão Paulista 2012 - Considerações sobre os Grupos da 2ª Fase

E a 1ª fase da Segunda Divisão Paulista acabou. Vimos surpresas, vimos decepções, e agora, veremos jogos ainda mais disputados, pois a margem de erro será menor, afinal, são só 6 jogos, e apenas os 2 primeiros colocados passam. Falaremos quais serão os grupos, além é claro de tecer algumas considerações sobre eles, entre eles a já conhecido tópico de média de público. Lembrando que; a competição é longa, e praticamente todos os clubes vão oscilar. Há a possibilidade de crescimento, e logicamente o fenômeno inverso também é possível. Dinheiro pode entrar e pode sair, o estádio pode ser vetado ou liberado, e coisas do gênero. Um clube ter uma baixa média de público pagante não quer dizer necessariamente que não possua torcida. Cada lugar possui sua realidade e seus problemas, e aplicar um mesmo molde a todos seria insensatez. Sem mais delongas, vamos aos fatos;


Grupo 8

Votuporanguense
Guarujá
Manthiqueira
Jaboticabal

Um dos poucos grupos que possui uma favorito destacado; o Votuporanguense. Não nos lembramos da última vez em que um clube terminou a 1ª fase com uma campanha 100%. Não nos lembramos se isso sequer aconteceu um dia. A superioridade do CAV é que mesmo quando a equipe já estava classificada e fazendo experimentos no elenco, alcançava grandes vitórias. Além disso, o clube é um dos que levam mais gente pro estádio, algo em torno de 2,000 pessoas por jogo, coisa que muito clube de Série B, C e até mesmo A não faz. O CAV é um dos favoritos ao acesso, logo, passa de fase. É só não tropeçar nas próprias pernas, sobretudo como no ano passado.

Daí pra baixo, o negócio é mais equilibrado, com leve favoritismo para o Manthiqueira. Os comandados de dona Nilmara Alves fizeram história no futebol paulista; ela é a primeira mulher a dirigir uma equipe paulista, e a primeira que passa de fase com o Manthiqueira. Será ela a primeira a conquistar um acesso? Não sabemos, mas o desempenho do time foi consistente, conquistando 22 pontos. O ponto mais baixo da campanha foi a única derrota da equipe, um 4 x 1 para o Joseense. Mas conquistar 7 vitórias e 1 empate não é pra qualquer um. E o clube ainda leva quase 500 pessoas pro estádio, o que se não é grande coisa, é uma das melhores médias da competição.

O rival direto do time de Guaratinguetá nessa fase será o Guarujá, que foi líder do duro Grupo 07, um dos mais fortes da 1ª fase. Além disso, conta com Pedrão, que se não desencantou, é um jogador com uma qualidade técnica mais do que diferenciada nesse campeonato (não mencionamos o rolo com o América de Rio Preto por quê nem nós entendemos bem o que está havendo). Mas a vocação ofensiva fica evidenciada nos 18 gols marcados e nos 9 sofridos em 10 jogos. O fato do clube ter uma das piores médias de público da competição (algo em torno de 70) poderia pesar em situações normais. Mas o Tubarão simplesmente venceu mais jogos fora do que em casa (4 x 3). Olhando bem, o desempenho dentro do Antônio Fernandes nem foi tão ruim (3 vitórias e 2 empates, o que no frigir dos ovos, é uma invencibilidade). Se continuar assim, é um diferencial a mais

Em relação ao Jaboticabal, a equipe passou no índice técnico, como um dos melhores 4º colocados, com 15 pontos, pontuação que em outros grupos o colocaria entre os 3 primeiros. Mas passar por índice técnico nos faz acreditar que se for postular a algo, e diremos o por quê. Vale lembrar que o clube conquistou 4 vitórias; uma em casa contra o bom José Bonifácio, e as outras 3 contra os fracos times da Matonense e do Taquaritinga. De resto, 3 empates em casa contra Novorizontino, Olímpia e Matonense. Olhando para o momento do clube, em que o estádio Robert Todd Lock foi tombado, para evitar uma eminente venda, qualquer sucesso, ainda que não lá muito grande, deve ser comemorado, e muito.

Na briga pelo 2º lugar, damos favoritismo ao Manthiqueira, que foi mais consistente, sem descartar o Guarujá. Não acreditamos que o Jotão vá passar, até mesmo surpreender será difícil. No máximo arranca alguns pontos de alguém.



Grupo 9

Olímpia
Fernandópolis
Jabaquara
Sumaré

Grupo equilibrado, mas damos favoritismo ao Olímpia. Ao Olímpia, vêm na mente o fato do clube estar se organizando, procurando repetir os feitos de outrora, quando atingiu a elite do Paulista. E ser líder em um grupo contra o bom Novorizontino e o surpreendente José Bonifácio não é pra qualquer um. Ainda que a liderança tenha sido relativa (os 2 terminaram com o mesmo número de pontos, a vantagem saiu no número de gols), foi líder de qualquer jeito. O estádio Teresa Breda não fica lotado como no início da década de 90, quando o Galo atingiu a elite, mas a presença de cerca 700 torcedores por partida não é de todo ruim, ao contrário, vendo que estamos na 4ª Divisão estadual.

O Fernandópolis fez uma campanha relativamente segura no Grupo 1, terminando em 2º em todos os aspectos imagináveis; 2º pontos, 2º melhor ataque e 2º melhor defesa. Até em média de público o time foi o 2º do grupo. Até aí, vá lá. O problema é que o 1º em tudo foi o maior rival, o Votuporanguense. Se formos nos ater somente à lógica dos números, podemos cravar que o 2º do grupo será o Fefeçê, e indo mais longe, pode garantir um acesso, também em 2º, o que certamente será comemorado, a não ser que o 1º seja o Votuporanguense. Devaneios à parte, o futebol não se resume a números (ainda que o caso do FFC seja curioso e bacana), e se quiser se tornar um candidato ao acesso, terá de melhorar.

Agora, o Jabaquara. Não dá pra deixar passar o fato de que depois de muitos anos o Jabuca passa da 1ª fase. Capitaneados pelo experiente artilheiro Rodrigão, o Leão da Caneleira foi bem no difícil Grupo 7, ficando atrás somente do rival Guarujá. Mas afirmamos que se a meta for acesso, o clube terá que melhorar, principalmente na defesa, que sofreu 13 gols em 10 jogos. O ataque marcou 17, sendo que 8 desses gols foram de Rodrigão, o que evidencia seu caráter decisivo, além de colocá-lo entre os artilheiros do certame. Uma motivação pode vir do fato que o Jabaquara ficou invicto nos dois duelos contra seu rival de cidade, no caso a Portuguesa Santista; uma vitória em casa e um empate fora.

O último membro é o Sumaré, que comerá pelas beiradas. Depois de um tempo licenciado, o clube passa de fase logo de cara, ficando em 3º no Grupo 4, que se revelou equilibradíssimo, com apenas 3 pontos separando o 1º do 4º colocado. O melhor setor do time foi a defesa, que sofreu 8 gols em 10 jogos. Mesmo jogando a maior parte do torneio com os portões do estádio José Pereira fechados, a equipe terminou a 1ª fase invicta em casa. Com 4 empates, o Sumaré é uma das equipes que mais empatou no campeonato, não mostrando nada demais, o que nos leva a crer que não brigará por muita coisa nessa fase.

Achamos que não há um favorito claro na briga pela pela 2ª vaga, pois todos possuem deficiências claras. Talvez o Fernandópolis saia na frente, mas não dá pra deixar de lado a tradição do Jabaquara. Por fim, não acreditamos que o Sumaré faça algo de mais.



Grupo 10

Américo
Novorizontino
Osasco
Atlético Mogi

Consideramos Américo e Novorizontino como os principais candidatos à classificação nesse grupo. O Américo foi líder de um grupo equilibrado, com times de nível técnico semelhante ao de Osasco e Atlético Mogi, e isso com o melhor ataque e a melhor defesa, marcando 13 gols e sofrendo apenas 4. Vale salientar que foram 13 gols em 8 jogos, pois o Olé Brasil não disputou a competição, deixando a chave com apenas 5 times. Além do âmbito esportivo, a torcida parece ter abraçado o time, batendo a casa do milhar em  todos os jogos no aprazível Joaquim Justo, possivelmente o único estádio do universo que conta com a sombra de coqueiros. Mesmo no ano passado, quando o time foi mau, a média era semelhante.

Por sua vez, o Novorizontino, se não foi líder, foi por pouco (repetindo que o clube estava no mesmo grupo que Olímpia e José Bonifácio), mas o futebol que apresentou foi digno, e o colocamos naquele grupo de times que corre por fora no acesso. O GEN (apesar de oficialmente terem tirado o "Esportivo" do nome do time, não dá pra deixar de associar com o "antigo" Grêmio Novorizontino, afinal, uniforme e hino são os mesmos, e o escudo é ligeiramente diferente. Apesar de ser outro clube, o espírito é o mesmo do vice campeão paulista de 90) tem 100% de aproveitamento em casa. Também, é o time que mais atrai público entre todos os 41 participantes, com cerca de 2,500.

Dissemos que essas duas equipes são favoritas à classificação, mas não podemos descartar Osasco e Atlético Mogi. O Osasco foi um dos times que mais nos surpreendeu, afinal, não imaginávamos que passaria de fase, mas é bom olhar essa classificação com cuidado; a equipe marcou 18 gols, entretanto, 10 desses tentos saíram em apenas dois jogos, uma goleada em casa de 5 x 2 em cima do Guarulhos e um 5 x 0 fora de casa contra o União Suzano. A defesa, com 11 gols sofridos, também não fez nada de especial. Outro fator que pesa pro OFC o fato de ser o clube com a pior média de público da competição, com menos de 50. Um alento é que as categorias de base do clube vão bem em competições da FPF, como sub-20, 17 e 15, o que pode garantir bons resultados no futuro

Já o Atlético Mogi corre bem por fora, pois foi um dos poucos que saíram da 1ª fase com saldo negativo (-4). Pelo menos superaram o rival União Mogi, e passar de fase logo na 1ª participação após o licenciamento é uma boa. O Atlético possui um dos artilheiros do torneio; Guilherme, com 8 gols. O que poderia representar um trunfo, na verdade, escancara um problema, que é a dependência do time ao atacante. Tirando os gols marcados pelo atleta, a equipe marcou apenas 4 gols (totalizando 12). Apesar de terem superado os rivais do União no campeonato, em média de público pagante, o time alvi-azul levou menos que a metade de gente pro estádio (algo em torno de 120), o que certamente pesará no futuro. Tendo em vista esse retrospecto, podemos dizer que a partir da 2ª fase, o que vier será lucro.

Por processo de eliminação natural, acreditamos que Américo e Novorizontino brigarão pela classificação, e só se complicarão se subirem no salto, pois apesar de Osasco e Atlético Mogi não serem esquadrões, não são galinhas mortas, principalmente o Osasco.

Grupo 11

Primavera
Guariba
Tupã
Mauaense

Esse é um dos grupos mais equilibrados da 2ª fase, pelo menos na nossa singela opinião. Não há nenhum favorito destacado, e até aquele que vem pelas beiradas tem chances, poucas, mas tem alguma coisa, pelo menos.

Antes do começo da competição, cravamos que o Primavera não ia fazer grandis coisa, pois não tínhamos visto nada até então. O clube simplesmente não se preparava para a disputa de uma competição duríssima. Mas aí o clube vem pra 2ª fase como líder do equilibrado Grupo 4, em que apenas 3 pontos separaram o 1º do 4º. Mas apesar disso, o Fantasma teve seus momentos de baixa, como uma derrota em casa pro Desportivo Brasil (1 x 2). Talvez isso se deva ao time ter atuado a maior parte do tempo com os portões fechados...

Sobre o Guariba, a equipe fez um feijão com arroz e passou de fase. O único momento de brilhantismo foi o massacre de 6 x 1 no Radium, quando o GEC já estava classificado e quando o time de Mococa já estava eliminado. No mais, 4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas, ataque e defesa medianos, talvez pra baixo até, assim como a média de pagantes, que não supera 175. Pra quem queria jogar pelo acesso, até o momento tem sido pouco.

O outro postulante à classificação é o Grêmio Mauaense. A equipe conta com a parceria do São Bernardo FC, que cede os jogadores que não serão aproveitados. Sua campanha no Grupo 7 foi boa, e a classificação estava garantida com algumas rodadas de antecipação. Entretanto, o clube conseguiu sofrer 16 gols em 10 jogos, 8 gols só no Pedro Benedetti, que por sinal está longe de receber os públicos dos tempos  áureos de Ica e Tigrila, quando a Locomotiva do ABC pleiteava uma vaga na A1 (algo que não chega na casa dos 60).

Não apontamos o Tupã como favorito à classificação. O Índio foi uma das equipes que passou com saldo negativo (marcou 13 e levou 14), podendo-se dizer que fez apenas o suficiente, e perigosamente ainda. Superou AEA, Tanabi e Grêmio Prudente, mas sucumbindo ante Votuporanguense e Fernandópolis, tanto em casa como fora. Quanto mais se avança, mais se exige um diferencial, e o Tupã não apresentou nada demais até o momento.

Repetindo; grupo sem favoritos. Se for pra cravar alguém, colocamos Guariba, que embalou nas últimas rodadas e Mauaense, caso consiga corrigir a defesa, ou melhorar ainda mais o ataque, que marcou 17 tentos em 10 partidas. Seria mais divertido se escolhessem a segunda opção...

Grupo 12

Nacional
Desportivo Brasil
José Bonifácio
Cotia

Mais um grupo com extremamente equilibrado, com um leve favorito.

O favorito é o Nacional. Depois de um 2011 que entrou pra história como o ano pior de todos os tempos pros nacionalinos, a equipe da Barra Funda fez uma campanha muito boa, perdendo apenas 1 jogo, em casa contra o União Suzano (1 x 2). Poderia ser um alerta, mas a equipe esteve acima de seus rivais a maior parte do tempo. A defesa, com 6 gols sofridos, foi o destaque, e ainda que o ataque tenha ido relativamente bem, com 16 gols conferidos, podemos dizer que seria bem mais, caso os atacantes do Nacional não possuíssem uma capacidade fenomenal em perder gols.

Quanto ao Desportivo Brasil, é um clube que não tem o acesso como objetivo. Conseguir negociar algum atleta será o maior título que poderão conquistar. Fez boa campanha em um grupo equilibrado (o Grupo 4, com primavera, Sumaré e Cotia), conquistando 4 vitórias e 4 empates, e apenas 1 derrota, em casa, para o Primavera, o que talvez seja uma evidência da já conhecida falta de torcida, pois tratando-se de um clube empresa - o que não a mesma coisa que um clube com gestão empresarial (questão conceitual) - é algo normal. De todo o jeito, não o colocaríamos como favorito ao acesso nem se estivesse querendo subir.

Agora, o José Bonifácio. De eliminado em 2011 na 1ª fase (por pouco, é verdade, mas com uma campanha irregular de todo o jeito), o clube passou de fase, acompanhando de bem perto os líderes e favoritos Olímpia e Novorizontino. O diferencial foi o desempenho em casa; empurrado por 500 torcedores em média, o clube venceu todos os jogos, com destaque para a goleada em cima do Jaboticabal; 5 x 2. O problema é que o desempenho em casa não foi tão bom, nem de longe; de 15 pontos disputados, o clube conseguiu apenas 4, uma vitória em cima da Matonense e um empate com o periclitante Taquaritinga.

Por fim, mas não menos importante, o Cotia. Em seu ano de estréia na Segundona, o time apresentou um desempenho surpreendente, mostrando um futebol ofensivo, beirando a insensatez em muitos casos, quando marcou 27 gols e levou 23 em 14 jogos. O Cotia 2012 é mais comedido; em 10 partidas, marco 14 e levou 11. Um ponto positivo é que o clube aparentemente caiu no gosto da população, que acompanha a equipe em bom número (704 por partida, a 5ª melhor média da competição). O futebol não é lá dos mais exuberantes, mas nesses tempos malucos, pode dar certo.

Resumo da ópera; dos 4 integrantes do grupo, o Nacional é o que possui mais chances de passar de fase,  basicamente por quê não tem nenhuma falha gritante. Os outros clubes tem pontos a acertar, ligeiramente maiores. O Desportivo Brasil pode passar, se encarar a competição como algo além de um negócio, o José Bonifácio precisa melhorar o desempenho fora de casa, enquanto o Cotia precisa mostrar um algo a mais caso queira sonhar com o acesso.

Grupo 13

Joseense
Sport Barueri
Pirassununguense
São Vicente

Nesse grupo, acreditamos que Joseense e Sport Barueri passarão, logo, que os outros dois ficarão pelo caminho. Por quê? Falaremos.

O Joseense faz a melhor campanha em tempos, que se sobressaiu e, seu grupo, que ainda que não tenha sido dos mais fortes, dizer que o Tigre do Vale não fez nada demais é sandice. Apesar de não ter atingindo os 10% da Votuporanguense, fez o mesmo número de gols (23), mas levou um a menos (7), além de ter aplicado várias goleadas, com os 6 x 0 no União Mogi, na casa do rival. Se manter o ritmo, o clube terá uma chance de subir, mas não muito grande, pois conforme a competição passa, haverão oscilações, e nessas horas, torcida faz diferença, e historicamente, o Joseense não atrai muita gente pro estádio Martins Pereira; média inferior à 60 pessoas por partida.

Sobre o Sport Barueri, podemos dizer que de longe é o time mais próxima de ser uma "Zemanlândia" no Brasil (espaço para adendo; esse é um termo cunhado em alusão à Zdnek Zeman, treinador tcheco que vai comandar a Roma no próximo Campeonato Italiano. Zeman sempre arma suas equipes no 4-3-3, sempre procurando o ataque, não importando se estava na Lazio ou no Foggia. Seus times aplicavam, e levavam, sonoras goleadas. Único técnico da história do futebol mundial -se tiver outro, pode dizer- a fazer com que uma equipe tivesse a pior defesa e e atingisse o 2º melhor ataque - Lecce em 2004-05, 66 gols pró e 73 contra). A marca de 23 gols a favor e 18 contra surpreende, mas não mais que o fato da equipe ser capaz de fazer 6 gols em um jogo e na semana seguinte levar 5. Que é divertido, isso é, afinal, só em 1 jogo o Sport Barueri não fez e nem tomou nenhum gol (0 x 0 em casa contra o Nacional), mas quando pensamos que é a Segundona é uma competição longa, o fato do SB ter levado 5 gols para o mesmo Nacional é o mínimo digno de atenção. Sem falar que menos de 160 pessoas na Arena Barueri dá uma sensação imensa, e incômoda, de vazio.

Agora, aqueles que acreditamos que não irão adiante. Começando pela Pirassununguense. O time voltou ao profissionalismo esse ano, e conseguir atingir a 2ª fase foi algo notável. Afastada desde 2007, podemos perceber que a cidade sentiu falta do time, e vem comparecendo em bom número no Belarmino Del Nero (média de aproximadamente 560 pagantes). Entretanto, esse apoio não tem cativado o elenco, que venceu apenas uma em casa (empatou 2 e perdeu 1). A esperança dos torcedores é a de que o clube cresça na competição, assim como na partida com o Lemense, em Leme, quando aos 10 minutos do 1º tempo o CAP já estava perdendo de 2 x 0. Ao final do jogo, o Gigante do Vale empatou e garantiu a vaga na 2ª fase. Caso esse desempenho se mantenha, as chances aumentam, mas se o que for visto é o desempenho da 1ª fase, podemos dizer que será pouco. 

Por fim, mas não menos importante, o São Vicente. Pelo segundo ano consecutivo, a equipe que representa a cidade mais antiga do Brasil passou por uma situação parecida com a do Cotia; foi surpreendentemente bem na 1º fase de 2011, quando conquistou 29 pontos em 14 partidas, mas não repetiu o desempenho na 2ª fase, em que conquistou 6 pontos em 6 partidas. Em 2012, o Feitiço não foi brilhante, longe disso, pois passou pelo índice técnico, como um dos melhores 4º colocados, com 15 pontos, 16 gols marcados e 15 sofridos. Um ponto a favor é que a equipe possui a 10ª melhor média de público pagante do certame, com exatamente 467 pagantes por partida no Mansueto Pierotti.

Nos palpites, acreditamos que o Joseense passa, afinal, teve um desempenho arrasador, com números melhores até que os do Votuporanguense (ainda que não tenha vencido todos os seus jogos, como o time do extremo noroeste). O 2º favorito é o Sport Barueri, por ter uma filosofia de jogo voltada para o ataque, deve obter alguma vantagem. A Pirassununguense vai na empolgação, pois se for depender do que apresentou até o momento, deve ficar, assim como o São Vicente, que de especial só pode contar com sua torcida.



Essas são nossas considerações sobre a 2ª fase do maior campeonato de futebol do Brasil. Caso queiram dar suas opiniões, concordando ou discordando, sintam-se livres para comentar.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Segunda Divisão...Baiana 2012

Olá. Pedimos desculpas pela demora em publicar alguma coisa aqui. Estávamos sem tempo, e pela primeira vez, sem ânimo pra escrever. Chegamos a cogitar uma pausa momentânea com o blog. Mas depois de alguns chacoalhões mudamos de ideia, e procuraremos escrever o máximo possível.

Indo para os negócios, falaremos da Segundona Baiana, mais especificamente do Ypiranga, que por ser o clube de origem mais popular do estado, é conhecido como "O Mais Querido". Depois de anos penando na Segunda Divisão do estado, o Ypiranga finalmente fez uma boa campanha, chegando às semifinais do certame.

No primeiro jogo, um empate em 2 x 2 contra o Jacuipense nos domínios do rival. Bastava um empate para o Ypiranga ir pra final e comemorar o acesso para a 1ª Divisão (salientando que na Bahia, apenas 2 times, no caso, os finalistas, sobem). A equipe de Riachão do Jacuípe pode não ter a tradição que o Mais Querido possui no futebol baiano, mas o Leão do Sinal possui vasta experiência nas divisões de acesso. Isso lhe valeu uma sensacional vitória; 4 x 1 em pleno Pituaçu. Festa para o Jauipense, que figurará entre os grandes do estado ano que vem, 15 anos depois de sua última passagem. Para o Ypiranga, a tristeza de quem bateu na trave por 2 vezes seguidas. Agora é não baixar a cabeça e tentar trazer o time de coração de Jorge Amado de volta para onde nunca deveria ter saído.

Para não sermos injustos, falaremos agora da outra semifinal, que reuniu dois campeões baianos. Um era uma potência no começo do século XX, conquistando 7 títulos, enquanto o outro é uma das poucas equipes fora de Salvador que conquistou o título. Tratam-se de Botafogo e Colo-Colo. Na primeira partida, o tradicional hepta campeão estadual vencia o Tigre de Ilhéus por 2 x 0, quando um gol aos 44 do segundo tempo deu esperanças para o time de Ilhéus, que precisaria de uma vitória simples para garantir o acesso.
O Botafogo, tão tradicional quanto o Ypiranga, passou longos anos no fundo do futebol baiano, colecionando experiências e tristezas. Isso valeu no jogo de volta, que usando de muito sangue frio, segurou o time de Ilhéus, garantindo vaga na final, e principalmente, o acesso, depois de 23 anos longe da elite do futebol baiano.

Com Botafogo e Jacuipense garantido seus ingressos para a 1ª Divisão Baiana na casa de seus adversários, tudo o que podemos esperar é uma grande final. A primeira partida, que ocorrerá no estádio Eliel Martins, em Riachão do Jacuípe, está programada para as 15:00 do dia 15/07, enquanto a de Salvador terá como palco Pituaçu, será no dia 22/07, às 15:30. Não poderemos estar lá, mas se houver algum leitor do blog que irá ver esse jogo, nos avise, pois gostaríamos muito de ouvir (ou ler) como foi. Bem, é isso, saludos!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Historietas





Ficamos muito, mas muito tempo mesmo sem colocar nada aqui. Apesar de ter parecido, não abandonamos isso aqui. O que aconteceu é que nos faltou tempo, e nos faltou disposição de caçar um tema oculto em pouco tempo. Dito isso, nos dedicamos a ir em estádios, ver umas partidas pela TV, ler alguma coisa, e coisas do gênero. Hoje, como dá pra deduzir pelo título, contaremos um causo, envolvendo justamente uma dessas partidas ditas alternativas, no caso, Nacional x AD Guarulhos pelo Paulista da Segunda Divisão. Há muito o que se contar, o que nos forçará a dividir o texto em 3 partes; A Idéia (sim, escrevemos "idéia" com acento, pois acreditamos que é algo que não devia ter mudado) e o Caminho, A Partida e por fim, A Volta (ou Considerações Finais). Tentamos bolar um nome melhor, mais chamativo, mas ficar na simplicidade também é bom. Escrevemos esses texto sem muito cuidado, não garantimos qualidade, mas garantimos que tudo aqui é verdade, feito com sinceridade. Antes do texto em si, avisamos que haverá uma mudança no estilo de narrativa aqui do blog; hoje, por ser uma narrativa pessoal, é de se esperar que o texto seja na 1ª pessoa, ao contrário do que é visto na imensa maioria (pra não falar totalidade) dos textos vistos no blog. Tendo isso dito, vamos ao que interessa.


A Idéia e o Caminho


Como sabem, o blog não dá dinheiro algum, logo, tenho de trabalhar. Meu azar é que trabalho de segunda à sábado, em um horário que me impede de ir ver as partidas na região metropolitana de São Paulo, que ocorrem às sextas à noite e nas manhãs de sábado. Como não tenho recursos para ir para o interior, restava-me ver a competição pela Rede Vida, o que nem de longe é a mesma coisa que ir no estádio. Mas a sorte me sorriu; mudaram meu horário aos sábados, e teria a oportunidade de ir ver alguma partida na região metropolitana. Fui olhar no site da FPF, e a partida que estava mais em mão era Nacional x Guarulhos, num sábado, às 15:00, no Nicolau Alayon.


Não havia muito o que planejar, basicamente pegar a câmera e dar uma olhada no Google Maps pra saber como chegar lá. Sim, era minha primeira vez no estádio da rua Comendador Souza, o que pra alguém que escreve sobre as divisões de acesso paulistas é mais do que uma lacuna, é uma verdadeira cratera. Tendo olhado bem por cima o mapa no dia anterior, acreditava que já estava tudo certo, ainda que me batesse a sensação de que havia esquecido algo. Como não consegui lembrar o que era, fui dormir incafifado.


No dia do jogo, pela manhã, fiz o que é hábito pela manhãs, e aí consegui lembrar o que havia esquecido; procurar a máquina. Lá fui tentar achar a bendita, e nada. Procurei mais ainda, em vão. Já estava me atrasando, então tive de sair injuriado. Aquele era um sinal de como seria o dia. No serviço, um misto de ansiedade (por ir pela primeira vez em um estádio histórico) com raiva (por não ter como registrar isso). Mas com a certeza de que eu voltaria lá mais vezes, me acalmei. Como o serviço estava parado, ficava pensando na história do Nacional; uma equipe que nunca obteve grandes conquistas no profissional, um time tradicionalíssimo nas categorias de base, mas que não atravessava um bom momento. Passou pela cabeça a possibilidade do Naça se licenciar algum dia, o que tornava uma segunda visita mais do que obrigatória, pois não sabia por quanto tempo poderia ver o Nacional. Pretendia ir lá como expectador, mas comecei a perceber que torceria pelo time ferroviário. Nada contra o Guarulhos, mas o ADG, desde que se profissionalizou, disputou todas as edições do campeonato paulista. O risco de afastamento do profissionalismo é algo real para todas as equipes que estão na última divisão, algumas mais, outras menos. Talvez estivesse sendo alarmista, mas via que o Guarulhos estava em situação mais segura que o Nacional.


Pensando nisso o tempo foi passando e finalmente estava livre. Corri pra estação, mas no final das contas não valeu nada, pois o trem atrasou. Sair do ABC pra chegar na Barra Funda em apenas 1 hora já era difícil, e as coisas ainda se complicavam. Quando a injuriação ia subindo de nível, o trem chegou. Beleza, tudo certo no caminho, o metrô funcionou normalmente, e logo estava na estação da Barra Funda, umas 14:30 (com margem de erro de 5 minutos pra cima - abaixo dessa hora tenho certeza que não era). Sabia que tinha de pegar um ônibus pra ir pro estádio, e fui perguntando onde eu pegava esse ônibus. Nenhum cidadão soube me informar. Não sei se eram do lugar, o mais provável é que não fossem, o que tornava minha atitude ainda mais sem sentido. Nisso, encontrei os funcionários da estação. Perguntei pra dois sujeitos na cabine de informação, mas nenhum deles sequer tinha ouvido falar que havia um time profissional da Barra Funda. Os dois pareciam estar na casa dos vinte e poucos e anos, e como não tinham lá muito interesse nas divisões de acesso, de fato nunca teriam ouvido falar do Nacional. Pra minha sorte, havia um senhor, esse com jeito de ter mais de 60, e ele sabia perfeitamente onde era o estádio. Logo pensei que talvez ele tivesse visto a conquista da Copa São Paulo de Futebol Jr. de 1972, mas na pressa não perguntei. Seja como for, ele me deu umas informações meio confusas (o que o tornava meio inútil, pois ele estava ali justamente pra informar), mas no final das contas pude entender algo como “vire a esquerda e depois entre de novo na esquerda com a pista onde os ônibus param”.


O problema é que haviam umas 2 dessas, com ônibus e tudo o mais. Resolvi confiar na minha intuição, que era a única coisa que eu tinha em mãos, mas nunca me valeu grande coisa, e fui pra 2ª plataforma (ou o que pelo menos encarava como 2ª). Perguntei sobre o ônibus, e ninguém, nem os motoristas, souberam responder onde eu pegava esse bendito coletivo. Deduzi que por ser um time ligado à antiga SPR (São Paulo Railway, empresa que cuidava das ferrovias no estado. Funcionários dessa empresa fundaram o time, com o nome da empresa. Ainda que não tenha sido o clube, há uma versão que afirma que a primeira partida de futebol do país foi disputada entre funcionários da SPR e da Companhia de Gás, no dia 14/04/1895), o estádio devia ser minimamente próximo à estação. Nisso, me dirigi a um dos dois mais precisos fornecedores de referências de logradouro conhecidos pela humanidade; o bar (o outro é o posto de gasolina).


Primeiro fui em um bar aparentemente novo, com funcionários de uniforme e jovens se divertindo em uma tarde de sábado. Novamente, ninguém conhecia o Nacional. Andando um pouco mais, encontrei por acaso um bar no melhor estilo “copo sujo”, pois estava com fome, e senti de longe o cheiro de algo frito, mas que não conseguia discernir o que era (ou se era mesmo comida). Chegando no bar, a primeira coisa que vi foi uma coxinha, e confesso que não tive coragem de encarar aquilo. A segunda coisa em que reparei foi que o lugar não estava muito cheio, no máximo uns 5 senhores, bebendo e conversando sobre algum fato cotidiano. Finalmente, a terceira foi o próprio dono do estabelecimento. Ele tinha dois tiques bem característicos; um era mexer a cabeça pro lado direito, e se não fosse o visível esforço que fazia pra mantê-la no lugar, seria como uma antiga máquina de escrever, e o outro eram piscadelas com o olho esquerdo. Como já estava lá, indaguei onde era a rua Comendador Souza, e ele logo me perguntou seu eu ia pro estádio do Nacional. Aparentemente, ele também tinha alguma história pra contar, mas não havia muito tempo. Ele me disse que devia ir pra uma avenida e pegar um ônibus cujo nome já esqueci. Agradeci, e dei mais uma olhadela para aquela coxinha, e ela me pareceu ainda menos convidativa.


No caminho, enquanto esperava o sinal verde pra atravessar uma rua, para um carro da rede Record. Perguntei pros repórteres do carro (pra confirmar a informação dada pelo sujeito do bar, afinal, até aquele momento, o dia não estava sendo fácil) e eles souberam me dizer o que fazer pra chegar no estádio. Era simples; eu pegava a avenida e deveria andar uns 20 minutos. Entretanto, já era umas 14:50, então decidi esperar o ônibus. Acho que esperei uns 15 minutos, e a viagem não foi tão rápida, e logo vi que estava errado sobre aquela ideia do estádio ser perto da estação. Nesse clima, eu finalmente chegava no estádio.


Naturalmente, cheguei empolgado, afinal, não estava tão atrasado, e ainda havia uma fila. Em situações normais, ver uma fila é sinônimo de aporrinhação, mas ver que várias pessoas estavam lá pra ver uma partida da 4ª Divisão Paulista era animador. Até então, meu único pesar não foi poder ver a rua Comendador Souza. Explica-se, pela pressa, entrei pela entrada dos carros. Mas seguindo a tônica do dia, a empolgação logo sumiu, graças a (mais) uma medida desconexa da FPF. A fila não era sinal de um bom público, mas pela obrigação de preencher uma pequena ficha de cadastro antes de se compra o ingresso. A FPF não informou o por quê dessa medida, mas não é preciso muito pra ver que ela é desconexa. Enquanto estava na fila, ficava conversando com um pessoal, que também não estava gostando muito da nova medida da Federação. Fiquei matutando, tentando achar alguma explicação razoável para aquilo. No final das contas, aceitamos que o mais provável é que existem uns sujeitos, de tocaia em alguma sala do prédio da FPF, maquinavam algo pra atormentar os torcedores, na esperança de dificultar sua vida e afugentá-los, pois é de conhecimento geral que a Federação não gosta de torcedor, sobretudo daqueles que apoiam o futebol regional.


E assim foi a viagem. Agora, o próximo capítulo é o jogo em si, que publicaremos sabe-se-lá quando, mas que certamente dará as caras por aqui.